ainda não estou em mim, ainda me custa a crer...
e o pior de tudo é que é verdade...e que já partiu
em tempos dizia que nada do género me tinha acontecido antes, mas nunca pensei que chegasse tão cedo... :S parecia tão longínquo...
dia 23/12, fazia 3 semanas menos 2 dias que o meu avo estava internado na UCIC no HFF, com
um estado em decadência mas apesar de tudo apresentava ligeiras melhorias... mínimas mas
melhorias...
era algo que ja se contava, mas nunca tão cedo...
telefonemas seguidos para que alguém fosse falar com os medicos...não me tinha apercebido do que poderia estar a passar...mas num local nada apropriado fiquei a saber.. "olha o avô valente ja se foi..."
caiu-me tudo, fiquei sem conseguir pensar como deve de ser...a tremer... com vontade de chorar, e não poder... em choque... porque ainda me custa acreditar....
motivo uma arritmia... mas intimamente penso que nunca foram suficientemente sinceros sobre o que
realmente ele tinha, um enfarte sim.. e o resto???
durante a tarde o meu pai foi fazer o reconhecimento do corpo com o irmão, enquanto as minhas tias e a minha mãe foram visitar a minha tia que se mantém internada, ainda
camuflando, tudo isto... na minha avo uma tristeza enorme, não me conti ao cumprimenta-la muito menos ao me dizer
"perdi o meu companheiro"...dentro da casa a minha tia que se abraçou a mim, a chorar... e eu nao quis evitar...
fomos para a capela...onde eu a minha prima a minha irmã e a minha tia esperávamos pelos srs da funerária, ainda que parece-se mentira... chegou... e tudo se transformou num mar de lágrimas...era para todos ainda impossível...mesmo com o caixão na nossa frente...que tristeza...
tantas recordações...
a cada dia que nos chegasse-mos perto dele...era a "minha netinha", a "minha nadinha"... e beijos repenicados quando eu era pequena, sou sincera quando digo que na altura nao gostava desses beijos, mas agora sinto essa falta...e perferia continuar a não gostar deles...
o lugar está vazio, falta o som das notas do acordeão que ele adorava tocar, os moinhos que decoram a casa estão la, mas falta la quem os adorava...
era teimoso é certo, um miúdo, quando dizíamos "não ponha açúcar" e ele punha, e se esquecia dos diabetes....
os fins de semana já não vão ser os mesmos...vão ser mais tristes...porque falta la o homem da casa.
a cada momento da entrada de alguém na capela, era de novo um mar de lágrimas...
era os últimos momentos junto dele...mas apesar de ser ele, ali mesmo á frente, ainda é
difícil acreditar...
o cansaço vencia as lágrimas, elas por mais que tivessem prestes a cair já não havia força para chorar...
dia seguinte dia do final...apesar de ter vindo dormir a casa, acordava a pensar em tudo o que se estava a passar...levantar, vestir, ir...
ultissimos momentos...e eu cada vez a tremer mais...
a família cada vez mais desgastada e cansada de chorar...e eu a ver que dava alguma coisa a alguém, porque tinham ficado no velório, e sem comer algo de jeito...
compradas 14 rosas, 13 por casa neto, 1 pelos 2 bisnetos...
um foto dos filhos com os correspondentes e o bisneto...uma mensagem...
chegada a hora...e não havia modo de controlar a tristeza e as lágrimas que forçavam a sair...tanta gente...tanto choro... cada neto com uma rosa... eu tinha 2, 1 pelos bisnetos...
tanto sentimento tanta tristeza, um vazio enorme, e continua a parecer mentira...
despedi com um beijo na testa...
com ele seguiu a foto, 2 rosas vermelhas, minha e da minha irma... e uma coração de flores dos netos...
na foto uma mensagem
"da esposa, dos filhos, dos netos, dos bisnetos,
com saudade e carinho que dos despedimos, com saudade e carinho sentiremos a sua falta no sempre nosso pequeno ponto de encontro.. com saudade nos vamos lembrar... que Deus te guarde no céu como nós nos nossos corações...descansa em paz, beijo", semelhante.
no final, cada neto deixou cair a sua rosa quando ja estava a cair a terra...uma por uma...
ja não conseguia chorar, a dor é demasiadamente grande...
ainda me custa a acreditar... porquê??
ainda parece mentira...
que vazio que ficou...que impulsos de choro me dá, ainda...
tenho o olhar triste dito por alguém, mas porque os olhos são os espelhos da alma...
e é assim que me sinto por dentro...
é tão difícil...
e tão certo na vida...
ainda bem que a família é esta família, unida...e que sempre fez o que pôde...
família que este sempre junta...dele...e preocupados com a minha avó...
e com a mesma dor...
agora é recordar...todos os momentos...
e cair na realidade...
obrigada a todos... Andrew, Catinha, Ricardo, Natacha, Mara, Álvaro, M. Jesus Afonso...e família...e a todos os que me deram uma palavra de carinho numa altura como esta...